A demanda crescente por imóveis em Portugal, especialmente por brasileiros, está transformando o cenário imobiliário local. Segundo Nuno Coelho, empresário e conselheiro especialista no assunto, o apetite por academias, varandas gourmet e suítes vem remodelando o estilo de construção de casas e apartamentos no país. Se antes as construções eram mais simples e funcionais, agora o luxo começa a ganhar espaço nas novas construções, refletindo o estilo de vida dos brasileiros que procuram conforto e exclusividade.
Mudança no perfil de construção
Nos condomínios fechados, os novos empreendimentos estão sendo equipados com academias de ginástica, quadras de tênis e lavanderias. Nos prédios, de acordo com o empresário Nuno Coelho, é comum que os apartamentos possuam várias suítes e varandas preparadas para churrasqueiras, criando verdadeiras áreas gourmet. Além disso, alguns projetos inovadores estão permitindo que a propriedade de um imóvel seja compartilhada por até oito pessoas, oferecendo flexibilidade aos compradores.
Para tornar os empreendimentos mais atrativos e únicos, muitas construtoras estão investindo em projetos artísticos. Um exemplo disso é o residencial Camilo 25, que traz uma escultura inspirada na obra de Camilo Castelo Branco, produzida pela artista plástica Ana Paula Castro. De acordo com Cecília, CEO da Invite, essa atenção ao detalhe e à arte reflete a preocupação em oferecer mais que um simples imóvel, mas uma experiência cultural e estética.
Impacto dos brasileiros no Mercado
Com a chegada de brasileiros com alto poder aquisitivo — estima-se que mais de 700 brasileiros milionários vivam em Portugal —, a expectativa é de que mais projetos de luxo surjam no país. Segundo a executiva, embora haja muitas oportunidades, a burocracia portuguesa ainda é um obstáculo significativo para o crescimento do setor. Projetos como o Camilo 25 enfrentam desafios, desde o licenciamento até a falta de mão de obra qualificada.
Adaptação ao novo perfil de clientes
O mercado da construção civil em Portugal também está se adaptando aos gostos dos clientes brasileiros e norte-americanos. Nuno Coelho, diretor da Overseas Incorporadora, comenta que esses clientes preferem imóveis novos, ao contrário dos franceses, que valorizam empreendimentos históricos. No entanto, ele aponta que nem todos os projetos podem incluir as características desejadas devido a limitações impostas pelas autoridades locais.
Um exemplo de adaptação necessária foi a mudança em um projeto que previa elevadores privativos, que levariam os moradores diretamente para dentro de seus apartamentos. A proposta foi rejeitada por órgãos reguladores, exigindo que o empreendimento incluísse um hall para facilitar a evacuação em caso de incêndio. Coelho reforça que, apesar dos desafios, as construtoras estão se esforçando para oferecer flexibilidade e atender às diversas demandas de seus clientes.
Embora Lisboa continue sendo o principal mercado da Overseas, assim como frisa Nuno Coelho, a empresa está explorando novas oportunidades em regiões como o Alentejo. Com anos de experiência tanto em Portugal quanto no Brasil, a empresa acompanha as mudanças no mercado e identifica a crescente migração de brasileiros com maior poder aquisitivo em busca de segurança e qualidade de vida em Portugal. Isso tem despertado o interesse de construtoras brasileiras em atuar no país.
Além das adaptações nos imóveis, há mudanças também nas formas de pagamento. Tiago Prandi, CEO da Conexão Europa Imóveis, destaca que as construtoras agora oferecem condições mais flexíveis, permitindo uma entrada de apenas 10% do valor do imóvel e o pagamento do restante na entrega. Ele também observa que os brasileiros estão pedindo mais banheiros, closets amplos e a exclusão de banheiras, características que não eram comuns nas construções portuguesas, mas que agora estão se tornando a norma para atender a este público.