O advogado Guilherme Guitte Concato analisa que a expansão internacional das empresas brasileiras trouxe novos questionamentos sobre a tributação de operações transnacionais. Com o aumento da globalização e da economia digital, muitas companhias passaram a atuar em diferentes jurisdições, enfrentando legislações fiscais complexas e, muitas vezes, contraditórias. O tema ganhou destaque à medida que o Brasil busca alinhar suas regras a padrões internacionais, especialmente no contexto da OCDE.
Complexidade das operações internacionais
Segundo especialistas, a primeira barreira enfrentada por empresas brasileiras é a diversidade de regras tributárias entre os países. Guilherme Guitte Concato nota que, ao expandirem suas atividades, companhias precisam compreender regimes distintos de tributação sobre renda, consumo e serviços digitais. Essa pluralidade aumenta os riscos de bitributação, quando o mesmo rendimento é tributado em duas jurisdições diferentes.
Outro ponto desafiador é a necessidade de cumprir obrigações acessórias em cada país. Multinacionais de grande porte costumam dispor de estruturas para lidar com essas demandas, mas empresas de médio porte, ao buscarem novos mercados, enfrentam custos elevados de conformidade. Esse cenário exige planejamento tributário detalhado e alinhamento estratégico com a legislação local.
Acordos internacionais e a posição do Brasil
De acordo com relatórios recentes, tratados internacionais são instrumentos importantes para reduzir a insegurança jurídica. Guilherme Guitte Concato observa que o Brasil ainda possui número limitado de acordos de bitributação, o que coloca suas empresas em desvantagem frente a competidores globais. A adesão à OCDE e a negociação de novos tratados são passos fundamentais para tornar o ambiente de negócios mais previsível.
Além disso, a discussão sobre a tributação da economia digital ocupa lugar central. Plataformas globais de tecnologia, serviços em nuvem e comércio eletrônico desafiam as fronteiras tradicionais da arrecadação. A falta de padronização entre países cria espaço para disputas fiscais, gerando riscos para empresas que atuam nesse segmento em expansão.

Planejamento tributário como diferencial competitivo
Explica-se que, diante desse cenário, o planejamento tributário internacional deixa de ser apenas uma obrigação e se transforma em vantagem estratégica. Guilherme Guitte Concato ressalta que empresas que antecipam riscos e organizam suas estruturas societárias de forma eficiente conseguem reduzir custos e ampliar margens de lucro. A utilização de holdings internacionais, quando realizada dentro da legalidade, é exemplo de ferramenta que pode otimizar resultados.
Outro aspecto relevante é o compliance. Com legislações cada vez mais rigorosas sobre lavagem de dinheiro e combate à corrupção, companhias que adotam práticas transparentes fortalecem sua imagem e atraem investidores. A governança tributária, nesse sentido, se torna elemento essencial para expansão sustentável. Empresas que negligenciam esses cuidados, ao contrário, ficam sujeitas a sanções severas, perda de credibilidade e dificuldade de acesso a crédito.
O futuro das empresas brasileiras
Salienta-se que o movimento de integração internacional deve ampliar a relevância da tributação global nos próximos anos. Guilherme Guitte Concato aponta que a tendência é que empresas brasileiras se preparem para lidar com regras mais harmonizadas, mas também mais exigentes. Isso incluirá a necessidade de maior digitalização de processos fiscais, adoção de tecnologia para rastrear operações e atualização constante de equipes técnicas.
Outro ponto é o aumento da cooperação entre administrações tributárias de diferentes países, que já compartilham informações por meio de tratados multilaterais. Esse intercâmbio reduz a margem para planejamentos abusivos e eleva o nível de fiscalização. Empresas que atuam em múltiplas jurisdições precisarão ser ainda mais criteriosas na organização de seus registros e relatórios.
Por fim, comenta-se que a internacionalização traz oportunidades, mas exige preparo. O domínio das normas tributárias internacionais garante não apenas segurança jurídica, mas também maior competitividade em mercados disputados. Empresas que investirem em planejamento e governança terão condições de crescer de forma sólida, consolidando o Brasil como ator mais relevante no cenário global.
Autor: Charles Moore